Para Onde foi o Respeito?
Já faz algum tempo que o respeito pelos profissionais da saúde vem diminuindo. A cada dia, menos valor se dá para um médico recém formado. Menos valor se dá para uma enfermeira. Menos valor se dá ao Ser Humano.
Esse movimento vem como uma onda de mudança social e comportamental, mas não se aplica apenas para os profissionais da saúde, mas sim em toda a sociedade. Me parece que este movimento não é algo planejado por nenhum grupo, em nenhum lado. Mas sim, uma consequência das mudanças sociais e da assimilação de tecnologia disruptiva por todos nos.
Me acompanhe num rápido raciocínio sobre a sociedade nos últimos 20 anos. Prometo ser breve, rs.
Ha vinte anos, o celular estava começando a se popularizar, mas ele servia apenas para ligações e alguns com a capacidade de mensagens de texto, antigos SMS. Redes socais ainda estavam engatinhando em seus primórdios (Para lembrar, o Facebook foi lançado em 2004). Nesta época, se faziam livremente piadas sobre negros, gays, traições, enfim, sobre todas a minorias e muitas vezes sobre todos. Naquele tempo isso era considerado normal. Em seguida, vieram os movimentos de respeito para com as minorias. Foram alguns movimentos diferentes, todos exigindo mais respeito e espaço social para suas minorias e grupos sociais. (não que esse tipo de movimento não tenha acontecido em outros momentos de nossa história)
Paralelamente a isso, as redes sociais cresceram em poucos anos, dando voz e principalmente, destaque ao discurso de quase todas as pessoas. Assim, esses grupos, as minorias, puderam se organizar melhor e serem ouvidas com mais clareza pela sociedade.
Claro que todos nós vimos isso com bons olhos no início. Pois trouxe aos ouvidos de todos os pedidos de respeito, espaço e igualdade. Infelizmente, isso também trouxe seu preço.
Lembrando que eu concordo com a necessidade de mais respeito por todos!!
Neste momento, quero te mostrar um dos efeitos colaterais que NUNCA ouvi ninguém MOSTRAR. O efeito do “quero respeito”, sem “ter que se dar o respeito”. Calma que vou te explicar, segue comigo mais um pouco.
O que quero te mostrar aqui não são intensões de nenhum grupo ou pessoa, e sim, o feito colateral. Quando começamos a dar voz a todos, e principalmente, dar relevância a todas as pessoas. Temos uma sociedade mais “justa”, sim! Porém, esta mesma sociedade foi discriminativa por muito tempo. E o produto disso, são pessoas que nunca tiveram o devido (e merecido) respeito. Infelizmente, essas mesmas pessoas nunca aprenderam a “se dar o respeito”. Na verdade, muitas não aprenderam o verdadeiro valor que tem.
Agora, nós estamos saindo de uma geração para outra. Onde os jovens estão crescendo neste mesmo ambiente, mais caótico, mais fluído, mesmo hierarquizado. Como consequência, além do bom (ser ouvido, ter acesso a todos, mais liberdade, ter sua fala considerada por todos, etc), existe o lado ruim. E o ponto que estou mostrando aqui é a dificuldade que essas pessoas têm de “se dar o respeito”. Elas cresceram em um ambiente em que se exige (e se consegue) respeito, porém, ninguém está ensinado esses jovens, que respeito é valor. E se dar o respeito, não é apenas exigir do outro, mas sim, se dar valor. E se dar valor também aos olhos dos outros. Gerar valor! Essa é a chave. Você pode fazer isso apenas com a linguagem corporal. É possível fazer isso apenas com um olhar. Respeito não é algo interno, mas sim externo. É um reflexo não do que desejo, mas daquilo que expressamos.
A questão aqui não é julgar nada e nem ninguém. Muito menos “tomar lado” em nenhuma discussão. Estou apenas chamando a atenção para uma condição muito prevalente na sociedade atualmente. E que é causa fundamental de muitos conflitos e tem participação direta na forte polarização de pensamentos que vivemos atualmente. Hoje em dia, parece que só existem 2 lados, e todos são obrigados a estar em um desses lados. Queridos, não podemos dividir a humanidade apenas em aliados e inimigos.
Com esse pensamento em mente, vamos para o atual cenário que quem atende pessoas. Neste momento vemos os conflitos sendo gerados. Onde expectativa e realidade colidem, criando um ambiente de desvalor. De um lado temos profissionais da saúde com a expectativa de serem respeitados por uma hierarquia que não existe mais. Do outro, uma população com uma expectativa de atendimento irreal, onde não ter suas vontades cumpridas se confunde com desrespeito.
Todos nós precisamos reaprender a conviver nesta “nova” sociedade. Precisamos aprender que as hierarquias mudaram. Não deixaram de existir, mas mudaram radicalmente e não são mais subentendidas por todos, e nem podemos mais cobrar certas hierarquias.
Também precisamos ensinar as pessoas que respeito vem de dentro de nós. “Respeito se conquista”, já diziam nos antigos (sim, meu Pai dizia isso). Significa que precisamos ensinar as pessoas, que todos precisamos demonstrar valor (percebido), sem imposições. Não basta impor que sejamos respeitados, precisamos demonstrar que nos damos valor, aos olhos das pessoas.
Por fim, todos precisamos aprender que frustração faz parte da vida e é fundamental para a nossa formação e caráter. Assim, teremos frustrações, e isso não necessariamente significa que fomos desrespeitados. Muitas vezes, nossas expectativas são frustradas por serem irreais, ou por situações que não controlamos ou simplesmente pelo acaso. Não necessariamente isso é responsabilidade de alguém e muito menos foi intencional.
Claro que existem conflitos, em especial dentro das famílias. Afinal quem não tem problemas em casa? Mas isso é assunto para um outro post.
Convido a você, caro leitor, que chegou até este ponto no texto, a mudar nossa realidade. Vamos juntos repensar e recriar a saúde. Vamos construir uma linguagem mais compassiva, ambientes mais acolhedores. Vamos deixar de lado velhas hierarquias e conceitos. Vamos ensinar com atitude e comportamento, tanto quanto com palavras (acolhedoras). Não vamos mais nos contentar apenas com “choques de realidade” nas pessoas (quando necessário). Vamos reimaginar a realidade e construir uma nova condição e novos atendimentos na saúde. Vamos demonstrar, para os olhos dessa nossa sociedade atual, o verdadeiro VALOR da saúde e dos profissionais que lutam diariamente pela vida em nossa sociedade. Vamos reaprender o conceito de saúde, e lembrar que o estado mental, emocional e social também são parte integrante da saúde do indivíduo.
E se você busca por alguém que possa te ensinar, te guiar por este novo caminho. Alguém com experiência, um verdadeiro mentor. Entre em contato comigo, terei prazer em te ajudar.